Design de Autor vs Design !?

A reflexion about “Design” and “Author Design”.

Request Opinion

Sendo Designers, e sendo pessoas temos sempre uma individualidade e uma forma de pensar particular. Contudo quando isso é exagerado e passa para outro campo interferindo no campo próprio do Design, até que ponto será isso benéfico?

Refiro-me portanto aos Designers de Autor.

Mas não seremos todos?

Certamente, como inicio este texto, todos temos uma individualidade, logo seremos todos “um pouco autores” naquilo que produzirmos. Ou melhor, refaço a minha resposta, não somos autores (ou seremos?).

O que surge agora na minha mente é, até onde seremos autores no processo de um trabalho? As fontes que utilizamos em trabalhos têm um autor por trás, e sendo a tipografia o factor mais importante (segundo o meu ponto de vista) para a melhor comunicação/compreensão de um trabalho ou mesmo do Design em si, como poderemos ser autores utilizando trabalho de outras pessoas? Igualmente me refiro à imagem. Nos dias de hoje, não temos tempo de produzir imagens, textos, conceitos, ideias, conteúdos, etc. Dado a multiplicidade de áreas no campo do Design e circundante, só poderemos aprofundar aquilo a que nos diz respeito – menos em Portugal certamente – e aperfeiçoar a nossa área em questão. Refiro-me com ironia a este último, visto que cá ainda é permitido aos Arquitectos produzirem Design, nas mais variadas formas e feitios, e aceite como algo positivo.

Voltando à temática pendente, qual é a pertinência de um Designer Autor(itarista)?

Sendo um Designer Artista (como alguns puderam ser chamados), qual a sua relevância para o “bem-estar” do Design?

Ter uma selecção reduzida de fontes de elite, torna o processo inicial (mais uma vez falo no meu caso) facilitado por não ter que pensar qual a Tipografia que melhor se adequa ao trabalho em questão. No outro dia, numa cadeira de Design, foi-nos questionado qual era as nossas Tipografias de selecção, à qual uma aluna responde que nenhuma. Ou melhor, seria a que melhor se adequasse ao trabalho em questão, tal como temos de levantar três pessoas (inicialmente sentadas) para ver qual será a pessoa mais alta. E de certa forma esse comentário, vem a calhar para esta minha reflexão. Contudo o comentário foi gerado por uma aluna (jovem Designer) em contraposição ao seu professor (Designer Professional). Será que tendo bastante experiência em cima resultará num esbater de tarefas na realização de um trabalho?

Tendo estas questões em voga, qual é a sua opinião em relação ao Designer de “Autorismo”?

SP

2 comentários»

  pedamado wrote @

Sérgio:

Acho que estás a misturar muitas questões. Autoria de conteúdos com Estilo e com Autoridade…

Acho tão pertinente como em qualquer área existir a figura Design de Autor. Senão a crítica e a reflexão eram impossíveis. A Autoria muitas vezes é confundida o estilo pessoal (fontes preferidas?), o Design de Artista (?), ou com a autoridade… a questão (para mim) de que se trata no Autor é ser o Designer que produz conteúdo dentro da sua área… podemos falar de design de autor(ismo) se escrever um livro de culinária? E se paginar o meu próprio romance? Sou o designer e sou o autor ao mesmo tempo. Não me parece que seja este o cerne da questão.

Vamos reencaminhar a atenção para o assunto certo –> Autoria de conteúdos dentro da área do design, para estimular a reflexão e “push the envelope”

Acho que se ainda não perceberam até agora, claro que sim, o papel de Design de Autor é mais pertinente que nunca… Ah… e claro que é benéfico manifestarmos a nossa individualidade… só sendo verdadeiros em tudo o que fazemos é que podemos evoluir…

(se bem que a hipocrisia profissional é uma coisa a que me habituei facilemente…)

  Sergio Paulino wrote @

Hmm, muito bem, se calhar ainda não escrevi exactamente o que pretende (pelo menos por agora) discutir.

Realmente a temática em questão é avulsa de vários sentidos. E tal como tu pegaste na palavra (que eu criei) “Design Autor(ista)”, é por esse lado que pretende gerar discussão.

Sei que o Designer deve manifestar-se pela sua individualidade. Penso já ter escrito ser a favor dessa opinião. Contudo, será o Designer com os seus tiques “profundos” um incómodo para o Design?

Normalmente só o faz quem o pode… Mas não deveria haver uma conduta para o Design? (entro em areias movediças). Sei que é difícil estabelecer parâmetros de como se produz Design, mas Design é comunicação da melhor forma possível, consoante o desejo do trabalho. E esse factor ser esquecido para dar guarda aos tiques do Designer, será que é bom?
Designers com tiques demasiadamente demarcados começam a ser vistas pelas pessoas como “gosto, ou não gosto”, como se de Arte se tratasse. E não será essa envergadura que esses Designers tomam? Aprendi na escola que Gostos se discutem, mas ao mesmo tempo que não são muito chamados para o Design, no sentido que se eu gosto outra pessoa não gosta e pronto. Fica assim resolvida a questão. E esta será mais profunda que aparenta.

E já agora levanto uma questão dentro do tema, mas distanciando-se do mesmo:
“Será que o Designer é mesmo autor do seu trabalho?”

Se eu produzo um livro vou utilizar fontes e imagens que não foram produzidas por mim, uma impressão que não fui eu que a produzi, etc. Tais factores não têm relevância para o Designer puder dizer que o trabalho é dele?


Deixe uma resposta para Sergio Paulino Cancelar resposta